Nos
ultimos tempos tem sido notório o surgimento de raparigas que têm se afirmado
no movimento Hip Hop angolano, nao obstante do genero feminino. É o caso
de Felicaiana Délcia Guia, também conhecida como MEDUZA
MC, a
jovem de17 anos nasceu e reside em Luanda e é estudante do curso de Gestão
Empresarial. Ha quase 3 anos como rapper, Meduza encara a música como algo
importante, pois segundo ela, transmir aos outros bem-estar, é uma sensação de
alegria, trabalho e acima de tudo uma maneira completa de estar na vida. Apos
a sua brilhante participação no concurso Reis do Rompimento Primeira Liga (RRPL),
Meduza dispertou a atenção de muita gente ligada a cultura Hip Hop dentro e
fora de Angola, a equipa da W2hmusic falou com a rapper numa entrevista que
asseguir passamos.
W2h: Como
foi a tua entrada na cultura Hip Hop?
Meduza: Entrei
para o mundo do hip hop por meio de batalhas, comecei com alguns membros do grupo
Freestyle Rompimento Bruto no facebook e alguns colegas de escola, iamos pra o
1º de maio e lá cuspiamos, eu era sempre a única rapariga nas rodas motivo pelo
qual me tornei uma boa “freestaleira”, então decidi explorar mais o mundo dos
mcs e acabei por me familiarizar com as ruas e claro com os mcs que nela
encontrei que deram suporte e força, mas eu já ouvia Rap, foi fácil juntar o
útIl e o agradavél. No ano de 2010 foi quando decidi ser rapper e fazer parte
da cultura hiphop, mas só em 2012 comecei a fazer batalhas e consegui
entrar na label Free Hands com a ajuda do Elias Carte mc, o CEO é o Amancio mc
que deu-me a oportunidade de participar na mixtape Mortal Kombate e no mesmo
ano o Adérito José CEO e blogger da RMG (Rapública Music Group) convidou-me pra
fazer parte da sua crew como sua artista, aceitei até os dias de hoje sou
membro activa da sua RMG.
W2h: Quais
foram as tuas influências nessa altura?
Meduza: Nesta altura tive influências de rappers como Raf Tag o
primeiro vencedor de batalhas em angola e um dos rappers que admiro, Valete,
Azagaia, Flagelo Urbano, Sam The Kid, Bob da Rage Sense, Phay Grande o Poeta,
Drunk Master, Fly Skuad, Dji Tafinha, Xtremo Signo, Pro Jota, MCK e tantos
outros rappers que de uma ou de outra forma me inspiraram.
W2h: Num
universo de tantos masculinos, o que te motivou a fazer a diferenca?
Meduza: Quando
temos certeza do que queremos não nos importamos muito com a diferença
masculina ou feminina, eu vi que o que eles expressavam nas suas musicas não
difere muito da minha realidade, minha grande inspiração foi e continua a ser a
maneira como encaro a dura realidade dos dias de hoje e a minha mãe, desde
tenra idade vi minha mãe no meio dos seus irmãos era a unica rapariga e fazia
tudo que os meus tios como homens não faziam, então apercebi-me que devia
agarrar-me ao grande facto de ouvir tantos homens a fazer rap, não fugindo ou
ocultando minha personalidade feminina e eu já tinha noção sobre hip hop, já ia
pra shows assistia batalhas e sempre gostei de desafios, minha maior
preocupação não era fazer ou ser diferente mas sim ser eu mesma, expressar o que
sinto e acho que consegui.
W2h: Como
a tua familia reagiu a tua decisao de fazer rap?
Meduza: Quando comecei ninguém de casa sabia, eu simplesmente saía quando fosse pra sessões de freestyles, tinhas vezes que desaparecia voltava tarde a minha mãe perguntava ‘onde eu ia, com quem e o quê que eu fazia de tão importante que quase não parava em casa?”,eu respondia que ia passear com as amigas, inventava sempre desculpas.Mas meus pais notaram que estava a tornar-se um hábito as minhas saidas de casa sem dar nenhuma satisfação, insistiram em perguntar e nada obteram como resposta, certa vez sai de casa fui ao 1º de maio freestalizar, cheguei entrei na roda e um tio viu-me foi ter comigo e expliquei-lhe o que eu fazia e pedi-lhe que não dissesse aos meus pais o que eu fazia.
Meduza: Quando comecei ninguém de casa sabia, eu simplesmente saía quando fosse pra sessões de freestyles, tinhas vezes que desaparecia voltava tarde a minha mãe perguntava ‘onde eu ia, com quem e o quê que eu fazia de tão importante que quase não parava em casa?”,eu respondia que ia passear com as amigas, inventava sempre desculpas.Mas meus pais notaram que estava a tornar-se um hábito as minhas saidas de casa sem dar nenhuma satisfação, insistiram em perguntar e nada obteram como resposta, certa vez sai de casa fui ao 1º de maio freestalizar, cheguei entrei na roda e um tio viu-me foi ter comigo e expliquei-lhe o que eu fazia e pedi-lhe que não dissesse aos meus pais o que eu fazia.
Continuei
com as saidas, um belo dia meu tio viu um video meu no youtube fazendo
freestyle, informou aos outros tios e lá se foi, pouco a pouco os tios se
aperceberam que o rap era o motivo das minhas saidas, mas só este ano em
janeiro tive a coragem de dizer aos meus pais que sou rapper, a minha mãe já
sabia, descobriu por meio dos vizinhos, amigos e colegas que sempre que a
vissem diziam “a tua filha é cantora repista” (risos), mas ela espera que fosse
eu a contar o que faço, como faço e porque que faço. Acho que o grande medo da
minha mãe era que eu me afastasse da escola, que me virasse automaticamente só
pra musica, foi então quando falei pra os meus pais que amo o rap e que quero
fazê-lo como carreira.
Hoje minha família sabe o que faço, com quem trabalho e me apoiam incondicionalmente, ouvem as minhas musicas, vêm os meus videos, oferecem-me cds e já digo onde vou. Acabaram-se as saidas anonimas (risos), enfim hoje ganhei a confiança da minha familia e já posso fazer o meu rap sem ter que me esconder ou fugir de alguém.
Hoje minha família sabe o que faço, com quem trabalho e me apoiam incondicionalmente, ouvem as minhas musicas, vêm os meus videos, oferecem-me cds e já digo onde vou. Acabaram-se as saidas anonimas (risos), enfim hoje ganhei a confiança da minha familia e já posso fazer o meu rap sem ter que me esconder ou fugir de alguém.
W2h: Em
que aspectos a Feliciana se difere da Meduza?
Meduza: Em
quase todos aspectos, a Feli é mais sentimental e por vezes ela tem de fingir
ser forte, é mais sofredora teve que aprender a lutar sozinha por si e as vezes
os problemas a afectam psicológicamente, é sencivel, mais humana já a Meduza é
fria, arrogante, parece não ter coração gosta de sentir os perigos da vida, é
muito atenta e fútil as vezes parece que é outra pessoa, gosta de viver no
subsolo no mundo do obscurantismo, mas acho que o que liga uma com a outra é o
simples facto de serem duas em uma pessoa, querendo ou não a vida pessoal
afecta por vezes a Meduza, só que a Muza tem mais influência que a Feli.
W2h: Qual
foi a primeira vez que confrostaste um rapaz? como foi?
Meduza: Lembro-me
bem, foi este ano no dia da venda do Xtremo Signo e Ready Neutro, na praça da
independência, enfrentei um mc chamado Paizão a.k.a Anjo da maldade foi muito
divertido, lembro que quando cheguei todos só o apreciavam e ninguém o queria
enfrentar, pedi permição pra entrar na roda só havia homens rapando, ele olhou
pra mim com ar de superioridade e maxismo alguns rapazes diziam “miuda aqui só
é pra homens”, respondi também sou mc e quero enfrentar o grandalhão (paizão)
todos se riam porque eu era pequena e usava como roupa um vestido, o paizão se
riu e disse “você não tem medo tantos miudos correram e você é a atrevida?”
decidimos então nos enfrentar. ele cuspiu e quando comecei fez-se um silêncio
total todos pararam pra me ouvir rimar, ficaram adimirados eu não parei nenhum
minuto,rondo apos rondo e eles diziam “damn ela é boa, onde aprendeu a rimar
assim?, não deve ser angolana” ( risos), até que por fim o Paizão interrompeu,
batalhamos ele puchava-me no vestido eu na camisa dele, disse que lugar de
mulher é na cozinha, o povo vibrava,votaram e saiu empante, foi daí que notei
que a unica vantagem de um homem ganhar uma batalha é atacando a mulher no
sentido de menosprezar, ofender, disrespeitar e autmomáticamente ela fica sem
armas e se não fores boa morres logo, mas também ganhei mais auto-confianca,
mais gosto por batalhas e claro honrei o meu nome como mc.
W2h: RRPL
foi sem duvidas um catapulte para notoriedade que hoje ostentas, fale-nos dessa
experiencia.
Meduza: No
principio quando se falava no RRPL era só uma ideia e não pensei que o Fly
Skuad a levaria avante, já tinha noção do que se tratava quando anúnciaram a
primeira batalha cheguei a conclusão que o Fly levaria o projecto assim como o
faz até ao momento, falei-lhe sobre a possibilidade de eu participar no
concurso ele concordou, e disse-me que enfrentaria na altura o Nigga Ney, não
concordei com o adversário por motivos pessoais. Já dia da batalha entre o
"MC A e o Fogor", recebi a noticía que enfrentaria a Halete MC, o Fly
ligou-me falamos sobre as normas do concurso e o como seria a batalha, coloquei
o meu agente e ceo a par da situação e fui me preparando. No dia 26/05/2013
fomos até a mancha negra e gravamos o spot da batalha que seria realizada no
dia 26/04/2013 chegou o dia o meu agente e CEO Adérito José foi a minha busca
com o meu colega Celio Py e a minha melhor amiga Adosinha Kanda, eu estava
muito relaxada, confiante e já sabia que podia vencer (risos), nos dirigimos
para o cine 1º Maio local onde decorreu o evento, por volta das 19h começou a
batalha que teve como corpo de jurados Samurai, MC K, Mad Contrário e Eva Rap
diva, a plateia era grande e estava tudo muito organizado; começamos a batalhar
e vi que comecei a ganhar vantagens no segundo round, no terceiro round venci
então a batalha com diferença de 3 à 1 ponto.
Passada uma semana fui informada
que enfantaria o Paizão aquem atribuiam nome de Grandalhão, foi primeira
pessoa que enfrentei quando comecei a batalha fiquei preocupada porque o adversário
tem um jeito de romper nada respeitavel e não mede o que diz mas fui enfrente,
a batalha com o Paizão aconteceu no dia 12/05/2013 numa loja de roupa por
incrivel que pareça eu estava doente e com gesso no pé esquerdo mas fui
decidida a eventar o paizão.
Começamos a batalha, o paizão parecia desconfortado, pra quem acompanhou a batalha notou o mesmo, no primeiro round fomos mais brandos eu comecei logo por soltar as bombas em formas de rimas, punch lines e estava séria por mais que me custasse eu queria romper o Anjo da Maldade e ele não deixava, já no segundo round fui mais atrevida, ele sentiu-se obrigado a usar palavras obcenas e atacou o meu lado femenino vencendo assim a batalha, mas foi a melhor batalha que até hoje fiz e me sai bem, o pessoal que acompanhou ficou satisfeito e outros nem por isso, recebi elogios, apoio, convites digo que a participação no RRPL foi uma oportunidade única e agradavel, ajudou me divulgar mais o meu nome nas ruas e como rapper, ganhei experiência e claro respeito dos outros mcs.
Começamos a batalha, o paizão parecia desconfortado, pra quem acompanhou a batalha notou o mesmo, no primeiro round fomos mais brandos eu comecei logo por soltar as bombas em formas de rimas, punch lines e estava séria por mais que me custasse eu queria romper o Anjo da Maldade e ele não deixava, já no segundo round fui mais atrevida, ele sentiu-se obrigado a usar palavras obcenas e atacou o meu lado femenino vencendo assim a batalha, mas foi a melhor batalha que até hoje fiz e me sai bem, o pessoal que acompanhou ficou satisfeito e outros nem por isso, recebi elogios, apoio, convites digo que a participação no RRPL foi uma oportunidade única e agradavel, ajudou me divulgar mais o meu nome nas ruas e como rapper, ganhei experiência e claro respeito dos outros mcs.
Hoje tem gente que vive fora de angola e quer trabalhar com a Meduza mc, ganhei
novos produtores e princilpalmente ganhei mais base, sou considerada a
primeira vencedora femenina do RRPL em angola, já que era pra fazer história
fiz e com muito orgulho, foi preciso coragem, força de vontade e acima de tudo
"humildade", porque só tive a oportunidade por ser humilde e
respeitar o trabalho dos outros mcs que encontrei.
W2h: Daqui
pra frente, quais sao as tuas perspectivas?
Meduza: Já
comecei e não tenho motivos pra parar, estou numa produtora RMG (Rapública
Music Group) tenho 3 musicas na net e vários videos que servem para a
divulgação daquilo que faço, continuarei a fazer o meu trabalho como artista,
levando a musica com mais firmeza, trabalhando em projectos, participações e em
breve lançarei uma MixTape EP até estiver bem inserida no mercado lançarei
então um álbum, desejo também trabalhar com rappers que admiro muito como
Valete, Bob da Rage Sense, Azagaia, CKF, CMC, Alirio, Celio Py, Drunk, NGA,
China Boy Rold e tantos outros o principal objectivo é continuar a fazer boa
musica com conteúdo rimático, intervenção social e o bom rap alternativo.
W2h: Para
finalizar diga-nos como encaras hoje o Rap feito pelas mulheres?
Meduza: De
certo que não é tão forte como o rap feito pelos homens, hoje as rappers estão
mais preocupadas em manter a imagem (deixar claro que são mulheres e vestem-se
como,usando maquilhagem, saltos e roupas mais ousadas), em definir-se como Old
ou New School, Under ou Comercial, estamos a cometer os mesmos erros pelo qual
criticamos , “Sou a Divas das Divas, sou a Melhor, sou Rainha, sou Street
Nigga” não faz de nós melhor rapper ou artista. Deviamos fazer mais e falar
quando necessário, quando dizem que uma rapper tem de vestir roupas mais
femeninas pra mim é como se estivessem a dizer que se uma rapper vestir calças
de Gang, Botas ou Ténis, uma sueter acompanhada de um chápeu vai deixar ser
mulher, mas não é o que acontece muito pelo contrário estaria a valorizar o que
faço me vestindo como tal. Imaginem que eu meduza mc, sou convidada pra um
evento de hiphop e apareço vestida de saia ou um vestido,toda maquilhada usando
saltos, no meio de tantos rappers sabendo que sou nova acham que eles no minimo
notariam que sou rapper?, fica a questão noto que já não há raparigas
Gangsters, Revolucionárias, Rappers alternativas, a desculpa de algumas é “sou
artista” se recuarmos um pouco no tempo, antes não havia essa de vestir ou não
roupas femeninas, ser ou não da old school fazia-se rap mas com qualidade, com
intervesão social.
Hoje as raparigas que fazem rap têm medo de lançar-se porque
não têm como se justificar quando questionadas sobre o facto de vestir roupas
masculinas. Ser rapper não é só cantar, temos que viver, ser o que
cantamos, se somos rappers temos que nos vestir como tal; há rappers excelentes
que quando oiço digo “wau essa sim sabe do que fala, vive o que fala”, rappers
como Dona Kelly, Dama do Bling, Girinha essas sim sabem o que é Rap, quando
falarmos de rap feito por mulheres citem sempre essas grandes senhoras, há
também rappers da nova escola que estão a rappar muito exemplo vivo da Halete
MC, Gessica Jockrs e tem ainda aquelas que não têm oportunidades de subsairem.
O rap feito por mulheres já é notório, humildade, força, dedicação, coragem,
realidade manas que temos muito que fazer.
Por: Adilson Daniel
Meduza Mc – Urbanização (Prod. Luther Py)
Veja o o video do rompimento entre Paizao e Meduza MC